A acne não é uma só. Existem vários tipos de lesões e quadros clínicos, cada um com causas, riscos e respostas diferentes aos tratamentos. Identificar corretamente o tipo de acne é o primeiro passo para escolher a terapia mais eficaz — e evitar procedimentos ou remédios que não vão ajudar (ou que podem até piorar).
Abaixo eu descrevo os principais tipos de acne, como reconhecê-los e quais abordagens costumam funcionar melhor.
Como identificar: presença predominante de cravos fechados (microcomédons / miliuns) e cravos abertos (pontos pretos), geralmente sem muita inflamação.
Local: testa, nariz, região T e queixo.
Tratamento ideal: rotina de limpeza adequada, retinoides tópicos (promovem renovação e prevenem comedões), ácidos (ácido salicílico) e sabonetes específicos. Em peelings superficiais, cuidados com indicação médica. Excelente resposta a cuidados tópicos e prevenção.
Como identificar: cravos + pápulas (pequenas elevações) e pústulas (lesões com pus); sensibilidade e vermelhidão local.
Local: rosto, às vezes costas e tórax.
Tratamento ideal: combinação de retinoide tópico + peróxido de benzoíla ou ácido azelaico; em surtos moderados, antibióticos tópicos ou orais por curto período (sempre com orientação). Ajustes de skincare e evitar manipulação.
Como identificar: nódulos profundos, dolorosos, cistos que ficam por baixo da pele e demoram a cicatrizar; alto risco de cicatriz.
Local: face (mandíbula), peito e costas.
Tratamento ideal: avaliação com dermatologista. Isotretinoína oral é frequentemente a opção mais eficaz para casos nodulocísticos severos e recidivantes; injeção de corticoide intralesional pode reduzir nódulos grandes; antibióticos orais e terapia combinada podem ser temporários. Monitoramento e prevenção de cicatrizes são essenciais.
Como identificar: lesões extensas, drenagem, comedões interconectados, abscessos e possível envolvimento sistêmico.
Tratamento ideal: manejo agressivo por equipe especializada — isotretinoína, drenagem, antibioticoterapia e, às vezes, cirurgia. Tratamento hospitalar/ambulatorial conforme gravidade.
Como identificar: piora cíclica (pré-menstrual), predominância no terço inferior do rosto (queixo, mandíbula), persistência na vida adulta. Pode haver sinais de hiperandrogenismo (excesso de pelos, ciclos irregulares).
Tratamento ideal: abordagem hormonal + tópicos. Anticoncepcionais combinados adequados e espironolactona (quando indicado) reduzem estímulo androgênico. Rotinas tópicas (retinoides, ácido azelaico) continuam importantes. Avaliação endocrinológica se houver suspeita de SOP.
Como identificar: lesões inflamadas que não respondem bem a antibióticos, frequentemente no tronco; aspecto pápulo-pustular difuso; piora com uso de antibióticos orais prolongados.
Tratamento ideal: antifúngicos tópicos (cetoconazol, clotrimazol) e, em casos extensos, antifúngicos orais. Suspender ou rever tratamentos antibacterianos quando apropriado.
Como identificar: surge após início de um medicamento (corticosteroides, anabolizantes, alguns anticoncepcionais) ou por cosmético/oclusão. Lesões podem ser generalizadas ou localizadas.
Tratamento ideal: cessar ou substituir o agente causador; tratamento clínico conforme o tipo de lesão (tópicos, orientação médica).
Como identificar: recém-nascidos apresentam pápulas/pústulas por adaptação hormonal materna; em crianças, padrões variam.
Tratamento ideal: maioria resolve espontaneamente; evitar tratamentos agressivos; acompanhamento pediátrico/dermatológico quando persistente.
Como identificar: início súbito de lesões ulcerativas dolorosas, febre e mal-estar — quadro raro e grave.
Tratamento ideal: internação ou intervenção imediata por especialista, corticoterapia sistêmica e antibióticos, possível isotretinoína com muito cuidado.
Avaliação precoce: quanto antes o tratamento apropriado começar, menor o risco de cicatrizes.
Rotina de skincare adequada: limpeza suave, produtos não comedogênicos e proteção solar.
Evitar espremer lesões: aumenta inflamação e risco de cicatrizes.
Abordagem combinada: tópicos + (quando necessário) orais + procedimentos.
Personalização: idade, sexo, histórico, gravidez e comorbidades mudam opções (ex.: evitar isotretinoína na gravidez).
Acompanhamento: revisar resposta, tolerância e ajustar plano terapêutico.
Extração profissional (cravos) por esteticista/dermatologista.
Peelings superficiais e luzes (LED) para inflamação leve e manchas.
Terapias a laser e subcisão para cicatrizes estabelecidas.
Injeção de corticosteroide intralesional para nódulos dolorosos.
Sempre com indicação e técnica adequada.
Acne moderada a grave (pústulas, nódulos, cistos).
Lesões dolorosas ou que não respondem a tratamento caseiro.
Cicatrizes iniciais ou muitas lesões.
Suspeita de acne hormonal (surtos cíclicos, hirsutismo, irregularidade menstrual).
Identificar o tipo de acne é essencial para escolher o tratamento ideal e reduzir risco de cicatrizes. Do cuidado domiciliar às terapias orais e procedimentos, a estratégia deve ser personalizada e acompanhada por um profissional. Com diagnóstico correto e plano adequado, é possível controlar a acne e recuperar a pele.