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Melasma na Gravidez: Como Gerenciar com Segurança?

O Melasma, aquelas manchas acastanhadas, geralmente simétricas no rosto, é uma das queixas mais comuns durante a gestação. Muitas pacientes chegam ao consultório assustadas ao ver as manchas surgirem ou tornarem-se mais intensas no 2º e 3º trimestres. Entender por que isso acontece e como agir com segurança é a chave para controlar o problema sem colocar a gravidez em risco.

Por que o Melasma aparece na Gravidez?

Durante a gestação há uma elevação fisiológica de hormônios como estrogênio, progesterona e fatores que estimulam melanócitos (por exemplo, MSH — melanocyte stimulating hormone).

Esses sinais hormonais aumentam a atividade dos melanócitos, tornando a pele mais propensa a produzir pigmento nas áreas expostas ao sol e onde já existe predisposição genética. Em outras palavras: a combinação hormônios + radiação (UV/visível) é o gatilho clássico para o “máscara da gravidez” (melasma).

Fatores que Aumentam o Risco na Gestação

  • História familiar de melasma.
  • Pele mais pigmentada (fototipos altos).
  • Exposição solar sem proteção (UV e luz visível).
  • Uso de medicamentos hormonais antes da gestação (quando presentes).

O Que Você pode fazer Durante a Gravidez?

Durante a gestação o foco principal é prevenção e controle; tratamentos agressivos são maioritariamente adiados para o pós-parto. As medidas a seguir são seguras e têm impacto real sobre o melasma:

1. Fotoproteção Rigorosa 

Use protetor solar de amplo espectro (UVA + UVB) todos os dias, reaplicando a cada 2 horas se houver exposição. Prefira filtros minerais (óxido de zinco e dióxido de titânio) e formulações tintadas com óxidos de ferro — eles protegem também contra a luz visível, que piora o melasma. 

2. Ingredientes Tópicos Considerados Seguros

Algumas opções tópicas têm perfil de segurança mais favorável em gestantes e podem ajudar a controlar a pigmentação de forma suave:

  • Ácido azelaico (20%) — age inibindo melanogênese e tem boa tolerância; é frequentemente recomendado como alternativa durante a gravidez. 
  • Vitamina C tópica (ácido ascórbico) — antioxidante que reduz pigmento e melhora tom; escolha formulações estáveis e sem ácidos agressivos.
  • Niacinamida — ajuda a reduzir transferência de melanosomas e é bem tolerada.

3. Cuidados Gerais para a Pele

  • Rotina suave de limpeza (sabão/gel não agressivo).
  • Evitar esfoliações e procedimentos agressivos sem orientação.
  • Evitar produtos com óleos essenciais ou ingredientes com potencial endócrino.

O que Evitar na Gravidez?

Alguns tratamentos comumente usados para melasma fora da gravidez não são recomendados na gestação:

  • Retinoides tópicos e sistêmicos (tretinoína, isotretinoína, adapaleno) — contraindição clara na gravidez (risco teórico e/ou documentado). Evite todos os retinoides durante a gestação.
  • Hidroquinona — apesar de existirem estudos limitados que não mostraram risco claro, a absorção sistêmica é significativa e por falta de dados sólidos muitos especialistas evitam seu uso na gravidez; decisões devem ser individualizadas e geralmente se recomenda adiar para o pós-parto. 
  • Procedimentos agressivos (lasers ablativos, peelings profundos, certos peelings químicos de alta concentração) — devem ser evitados ou fortemente ponderados; a maioria é deslocada para após o parto.

Quando e Como tratar com Maior Intensidade?

Após o parto a janela de tratamentos mais eficazes e rápidos se abre — mas com atenção:

  • Hidroquinona e combinações tópicas (ex.: tri-combo) costumam ser mais utilizadas no pós-parto, sempre com supervisão dermatológica.
  • Peelings superficiais (glicólico, mandélico) podem ser realizados com segurança por profissionais experientes para ajudar a uniformizar o tom.
  • Tratamentos a laser (pico-segundo, Q-switched) e luz intensa pulsada têm papel no pós-parto para casos refratários, mas requerem avaliação de risco/benefício, especialmente se a paciente estiver amamentando.

Conclusão

O melasma na gravidez é comum e muitas vezes angustiante, mas há formas seguras de gerenciar enquanto você espera o momento mais seguro para tratamentos mais intensos. A prioridade na gestação é proteger, não arriscar: fotoproteção rigorosa, ativos tópicos com perfil de segurança (como ácido azelaico, vitamina C, niacinamida) e evitar retinoides e procedimentos agressivos. Depois do parto, com avaliação profissional, há um leque mais amplo de opções para clarear o pigmento de forma eficaz.